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Conservatório Dramático e Musical de São Paulo

O Conservatório Dramático e Musical de São Paulo (CDMSP) foi um conservatório e a primeira escola superior de música erudita e arte dramática do Estado de São Paulo, localizada no centro da cidade de São Paulo fundada em 15 de outubro de 1904, que oferecia bacharelado em música com foco na formação de atores com as habilitações em canto, composição, regência e instrumento e em arte dramática.

A escola foi fundada oficialmente em 1904, porém suas atividades foram iniciadas somente em 25 de abril 1906. Sendo a primeira escola superior do gênero na cidade e a quarta do país, precedido pelo Conservatório de Música do Rio de Janeiro (1841), Conservatório Carlos Gomes (1895) na cidade paraense de Belém e, o Instituto de Música da Bahia (1897).

O conservatório surgiu da necessidade premente de São Paulo, que crescia no auge da Era do Café, de abrigar um estabelecimento que desse sólida formação artística para atender às aspirações culturais cosmopolitas da metrópole. Foi uma instituição de grande prestígio, conhecida por sua impressionante biblioteca musical e por ter entre seus ex-alunos músicos ilustres como Francisco Mignone e o musicólogo e escritor Mário de Andrade, que também foi professor da escola.

Extinto em 2009, seu prédio foi restaurado e integrado à Praça das Artes em 2012. Atualmente administrado pela Fundação Theatro Municipal de São Paulo, funciona no local a Sala do Conservatório, sede oficial do Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo.

História e Contexto Cultural

A iniciativa para a criação de um conservatório aos moldes europeus se deu por dois entusiastas da época: o maestro e compositor João Gomes de Araújo e o dramaturgo e jornalista Pedro Augusto Gomes Cardim, à época vereador na Câmara Municipal de São Paulo.

Nos dias 27 e 29 de outubro de 1904, foi discutido, na Câmara Municipal, o Projeto de Lei n. 43, de 15 de outubro de 1904, proposto por uma comissão de 12 vereadores encabeçada por Pedro Augusto Gomes Cardim, que criaria o Conservatório, a ser subsidiado pela Prefeitura. Entretanto, um longo Parecer do Prefeito Antônio da Silva Prado, de 29 de dezembro de 1904, conforme requerimento da Comissão de Finanças, recomendou a rejeição do projeto nos seguintes termos:

“Em conclusão, o projeto de fundação de um Conservatório Dramático e Musical, a cargo da Municipalidade, não deve ser convertido em lei:

1º. Porque excede da competência da Câmara Municipal, em vista da Lei Orgânica das municipalidades.

2º. Porque onera os cofres municipais com despesa incompatível com os seus recursos, impossibilitando a realização dom plano de melhoramentos da cidade, em via de execução.”

O Projeto de Lei n. 43/1904 acabou não sendo aprovado e o Conservatório foi fundado somente em 15 de fevereiro de 1906 como instituição privada[11] e, para seu funcionamento, foi alugada uma casa na rua Brigadeiro Tobias, esquina com a rua Santa Efigênia, no bairro da República, em São Paulo (que chegou a pertencer ao Governador de São Paulo, Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar e à Marquesa de Santos), para sediar as atividades do conservatório.

A cerimônia de inauguração ocorreu em 12 de março de 1906 e a chamada para exames de suficiência e matrículas para os cursos foi emitida pelo diretor-secretário Pedro Augusto Gomes Cardim em 2 de abril e publicada nos jornais paulistanos nos dias seguintes, ao passo que suas atividades foram iniciadas em 25 de abril do mesmo ano.[3] Sua primeira diretoria foi composta por um presidente, Antonio Lacerda de Franco, um diretor-secretário, o próprio Pedro Augusto Gomes Cardim, e um tesoureiro, Carlos de Campos. De início, foram matriculados 134 alunos pagantes e 48 que fariam os cursos gratuitamente.

Inspirado em modelos europeus, o curso de arte dramática era ministrado em período noturno, das 18h às 21h, tinha duração de 3 anos e disciplinas como português, italiano, francês, história, coreografia brasileira, poética, psicologia, dicção, estética, expressão fisionômica e pelo gesto, recitação, vestuário, representação coletiva, história do teatro, esgrima, entre outras. Aulas de línguas estrangeiras e português eram ministradas no início para ambos os cursos, de arte dramática e música (que tinha duração de 5 anos). Matérias mais específicas eram abordadas nos anos seguintes.

No curso de arte dramática, os primeiros professores foram Pedro Augusto Gomes Cardim, Venceslau de Queiroz (que lecionava Literatura e Estética), Luiz Pinheiro da Cunha, Hipólito da Silva (que ministrava a aula de Dicção) Augusto César Barjona (responsável pela disciplina de História do Teatro) e Felipe Lorenzi (que foi substituído em 1922 por Mário de Andrade).